A LOCALIZAÇÃO DE BOTUCATU SOBRE A SERRA
Nossa cidade está
localizada nos altos de uma elevação, longa e contínua, que corta o
Estado de São Paulo de fora a fora, chamada pelos geógrafos de Cuesta.
Ficamos
no
trecho
que
conhecemos
por
Serra de Botucatu.
Os terrenos que formam a Cuesta são muito antigos e têm a forma de rochas, de consistência arenosa e cor avermelhada, sendo conhecidos como Arenito Botucatu. Os geógrafos e os geólogos asseguram que esses terrenos datam de várias épocas.
Segundo eles, no intervalo compreendido entre 150 e 130 milhões de anos atrás, numa época conhecida como Triássico, pouca chuva, muita poeira e depósitos imensos dela deram origem a essas rochas hoje chamadas arenito, formando principalmente o topo da Cuesta, presentes em altitudes de 700 a 950 metros. Mais abaixo, em torno dos 400 metros, os terrenos são ainda mais antigos, datando de 215 milhões de anos, aproximadamente. Também são de arenito vermelho. No topo, conforme se vai distanciando do front (beirada da Cuesta), os depósitos vão ficando claros, até que o arenito é totalmente branco. Formaram-se no Cretáceo e são conhecidos como Arenito Bauru (morro do distrito Rubião Junior).
O Deserto Botucatu
Nesse período
antiquíssimo, os continentes ainda não haviam se separado. No interior
do megacontinente Gondwana, existente então, formou-se, sob
ação dos ventos, ininterruptos, um deserto de dunas construídas com
areia de granulação em geral fina ou média. Eram nuvens de areia,
constantes,
formando,
com
o
longo
tempo
em que persistiu esse fenômeno,
um deserto de dunas, em que os depósitos ora se acumulavam de
uma forma, ora de outro. Tudo isso, estudado, ficou incrivelmente
visível, nos cortes feitos para a abertura da Estada de Ferro
Sorocabana. Ali, nos maciços que são atravessados pela linha da Estrada
estão assinalados, para sempre, a intensidade, constância e sentido dos
depósitos de areia deixados pelos ventos.
Ciência Hoje
Hoje, esse imenso deserto
de dunas está bem estudado. No Brasil, ele ganhou o nome de Deserto
Botucatu, mas fora do país possui outras denominações: Taquarembó
(Uruguai), Misiones (Paraguai) e Misiones e Solari
(Argentina). Seu tamanho avança sobre boa parte do território das
regiões sudeste e sul do Brasil e partes significativas dos países
vizinhos, alcançando um total de 1.200 milhão de quilômetros quadrados.
A areia das dunas, pela cimentação
provocada após longo tempo de deposição, transformou-se em rocha,
recebendo o nome de Arenito. "Os
arenitos
da
formação
Botucatu
são
compostos,
em mais de 95%, de grãos
de quartzo médios ou finos, quase não existindo silte ou argila
(materiais com granulação ainda menor), e podem conter pequena fração
de outras rochas (quartzito e feldspato).Com freqüência
os grãos estão envoltos por óxido férrico, que torna a rocha
mais coesa e lhe dá coloração avermelhada ou amarelada..."
Vulcanismo de fissura
Num período posterior, há 130 milhões de anos, já no período Jurássico, o deserto de areia, com suas dunas, foi coberto por colossais derrames de lavas incandescentes. Durante esse
processo, através de violentos movimentos sísmicos, a crosta terrestre rompeu-se, lançando, pelas fendas abertas, das profundezas do Planeta, minérios derretidos. Já era um prenúncio das imensas fraturas que iriam dividir o megacontinente Gondwana, separando a América do Sul, da África.
Não sendo um processo de vulcanismo explosivo, mas de inundação, as lavas, muito fluidas, a 1200 graus centígrados, espalharam-se sobre as dunas de areia, preservando suas formas. Em suma, cobriam as dunas e, no longo tempo em que todo o processo perdurou, passaram a constituir as elevações sobre as quais hoje está construída a cidade. Ao se resfriarem, as lavas acrescentaram às formações arenosas, outros tipos de rocha, chamadas de basalto e diabásio. Essa lava, pastosa e incandescente, cobrindo os depósitos de arenito já existentes, ajudou a dar forma à elevação conhecida por Cuesta.
O Aquífero Botucatu
Escondidas sob a cobertura do basalto, as camadas de arenito, de grande porosidade e alta condutividade hidráulica, permitiram a acumulação de água, propiciando a formação de imensas reservas subterrâneas de água doce, uma das maiores do planeta. Os terrenos que se escondem sob dezenas de milhares de metros em nosso subsolo, acumularam, com os milênios de mudanças climáticas, quantidades de água, que se situam numa extensão que penetra o subsolo de todos os países que estão situados nas bacias do Paraná e do Chaco/Paraná. A esse megadepósito deu-se o nome de Aquífero Botucatu, exatamente porque as rochas que permitiram sua existência levam o mesmo nome e estão na sua formação, não apenas no Brasil mas em quase todos os países do Cone Sul.
Muito tempo depois, com a mudança do clima, o deserto vermelho deu lugar a grandes florestas. A cobertura vegetal da Cuesta e suas imediações era formada, até o advento do grande desmatamento do século passado, por árvores como: Ipês, Jatobazeiros, Cabreúvas, Paineiras, Perobas-rosa, Guarantãs, Jacarandás-tã, Figueiras, Araucárias (Pinheiro do Paraná), Araribas, Guajuviras e o "rei" das nossas matas, o Jequitibá, árvore que pode atingir até 50 metros de altura e mil anos de vida, da qual restaram poucos exemplares, de longa vida, no Estado de São Paulo.