Turíbio
Vaz
de
Almeida
Dentre todos os botucatuenses da colonia
negra nunca houve ninguém que tivesse, ao longo da vida, reunido mais
prestígio junto a toda cidade, do que Turíbio Vaz de Almeida. Morador
da Rua General Telles, bem defronte ao Fórum, podia, por longo tempo,
ser visto, todas as tardes, sentado em um pequeno banco, do lado de
fora do muro, ao lado do portão da calçada.
Seus
vizinhos, entre eles os da família Moscogliato, conviveram com Turíbio
longo tempo, passado entre conversas de recordações ou sessões
musicais, em tardes quentes de verão.
Contava
histórias incríveis, atraindo sempre, enquanto pode atender, um séquito
de jovens reporteres, interessados nelas.
Quando foi
organizada a União Cultural Negra de Botucatu, já na vacância deixada
pela ausência da Sociedade Recreativa Luiz Gama, Turíbio foi escolhido
como seu membro de honra e patrono perpétuo. Não fosse sua existência
tão real, e poderíamos interpreta-lo como um mito; o maior mito da
colonia negra de Botucatu. Em Turíbio, no entanto, fundem-se o real e o
imaginário. O real do realizado, por ele e por tantos outros. E o
imaginário do sonho possível, e sempre perseguido pelos seus irmãos de
cor.
Turíbio
Vaz de Almeida fez 100 anos em fevereiro de 1977, rodeado pelos
botucatuenses. Recebeu de sua Igreja, a Presbiteriana Independente uma
homenagem estampada no jornal O Estandarte. Nela se vê todo o carinho
que a cidade e, em particular, seus irmãos de fé lhe dedicavam:
"Filho de
Joaquim Vaz de Almeida, nasceu em Botucatu no dia sete de fevereiro de
1877. Homem do trabalho, conseguiu vencer em todos os empreendimentos.
Filiou-se à Igreja Evangélica, nos dias da mocidade. Leitor assíduo da
Bíblia e seguidor rigoroso dos seus ensinos. Foi músico, organista e
regente de coros em várias Igrejas. Casou em primeiras núpcias com D.
Marcolina de Paula Almeida. Em segunda núpcias consorciou-se com D.
Esmeraldina Buarque de Almeida, sua atual esposa. Seus filhos vivos são
os seguintes: Jesse Vaz de Almeida; professor Bartimeu Vaz de Almeida,
casado com D. Eunice de Freitas Almeida; Odilon Vaz de Almeida; casado
com D. Teófila Rodrigues de Almeida; Eunice Vaz de Almeida; Josefina,
casada com Tarciso Policarpo da Graça; Abner Vaz de Almeida, casado com
D. Cássia Ferreira de Almeida; Marta, casada com Natanael Freitas da
Silva. Ao todo, 16 filhos, sendo 8 falecidos. Tem 17 netos e 9 bisnetos.
É
considerado pelos historiadores da cidade como a Crônica Viva de
Botucatu. Tem sido muito entrevistado pelo rádio e pelos jornais de
Botucatu, inclusive por um dos canais de televisão de São Paulo. Foi
amigo pessoal de Vital Brasil, a quem prestou serviços de seleiro,
quando exercia essa profissão. Foi condecorado pela família Vital
Brasil, com sua comenda, quando se comemorou, em Botucatu, o centenário
do grande cientista e também irmão em Cristo." . Francisco Guedelha.
Ainda em
vida Turíbio Vaz de Almeida foi homenageado pela União Cultural Negra
de Botucatu. Nela existem dados completos sobre sua vida, tendo
freqüentado os salões de atividades da União Cultural, por várias
sessões. Depois, já com muito mais de 100, Turíbio foi levado para São
Paulo, para junto de seus netos, bisnetos e familiares, onde faleceu.