Raiz Negra

a

por Walter dos Reis

 

A minha ama de leite

Foi a pretinha Carmela

O amor que eu tinha pôr ela

Tornava-a tão querida!

Além de ser meiga e pura

Era a melhor criatura

Que já adorei na vida!

 

 

 

 


João Maranhão - foi farmacêutico, 
músico e funcionário da Prefeitura
Municipal.

 

Era simples e analfabeta

Mas tinha um grande saber

Com ela eu pude aprender

Que todos somos iguais

E que os leites são todos brancos

E que os sangue que vem dos bancos

São vermelhos, naturais.

 

 


Sebastião Peroba - Ferroviário, atuou no 
amoso trem lenhador, da EFS. Depois foi artifice 
na mesma ferrovia. Escultor em materiais ferrosos.

 

E pôr amor à Carmela

E pôr ela me dar amor,

Eu notei que a nossa cor,

Não tem importância alguma.

O sabão pode ser preto

Mas, mesmo assim é perfeito

Porque é branca a sua espuma.

 

 


Raby - jorgador
de futebol da AAB, considerado
um dos melhores em seu tempo.

 

O progresso do país

E também da minha cidade.

Deve muito à sociedade

Que não discrimina raça.

Os pretos, meus companheiros,

São amigos verdadeiros

Que sempre os tive de graça.

 

 

O Clube que eu freqüentava,

Era o querido "Luiz Gama".

A tradição e a sua fama

Eram: o amor e o respeito

Que honrou a tradição.

E é pôr essa razão

Que não tenho preconceito.

 

Tunga

Pretos de eternos valores,

Orgulho da minha cidade,

Patrimônio de verdade

Que não esqueço jamais!

Do Jurema, do Maranhão,

Do baixista Capitão...

Vou lembrar de outros mais!

 

 

 

Rui dos Santos - Empresário, 
foi proprietário de lotérica, 
pensão e bar.

 

Do seu Sebastião Peroba

Do Raby do Hotel Paulista,

Do Indaiá lá da Boa Vista,

Do Gabriel da Estação

E do Rui da Loteria.

Do Chirú da Vila Maria

E do carroceiro Bastião.

 

O Carabina, o Benvindo,

O Doca e também o Abílio,

Eram os reis do estribilho,

Com o Tunga do Lageado.

O Salvador e o Mário

Lá no largo do Rosário,

Fizeram batuque afamado.

 

Na Igreja São Benedito,

O batuque era perfeito.

Era com grande respeito

Que se dançava o fandango.

O que não se aprende na escola,

Aprendia-se com a Carola

E o mestre Dito Tango.

 

Gabriel da Silveira - taxista, por muito tempo. Foi funcionário de Antonio Azevedo,
da firma Azevedo & Travassos, durante a construção dos túneis da EFS

 

Eu vivia entreverado

Com toda essa gente

Que foi muito valente

Honrando sua raiz,

Sem ódio no coração.

Por eu tê-los como irmãos

É que Deu fez-me feliz!




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